sábado, 27 de agosto de 2016

longe da fotogenia
cabe sorrindo nosso amor
melhor
gargalha
sem ligar pra teia que não vive a bordo
na nossa rede não habita pesca, somente sonos
dois
é no navegar que nos fazemos barco

nosso amor de doses/goles
destila verdades soltas
cabe num brega
nessa moda do sofrer
nessa troca de dvd
nesse ferir de peito à alma
do primário: ser ou não ser?
é
demais groove
pra não sarrar noir. num é?

nosso amor vermelho
borrando sofás e camas
branco azul pastel tapete
fios no assoalho
desenhos no chão
pay-per-view gravado
no reboco das  paredes

nosso amor de volta e volta
descobriu há pouco o: eu também
e repete com olhos
todos os fonemas dum eu te amo
guardado pro inesperado instante exato do:
eu não sei

outra vez recém nascido
nosso amor incubadora
desfruta
nova gestação

Eduardo Dias
entenda que ao seu lado
todo tempo pouco para
e passa a ser instante
recém segundos de eternidade
a cada passo desse olhar gigante
(sobre nudes, ensaios, ciumes e cinco meses)

Eduardo Dias

domingo, 7 de agosto de 2016

(sobre significâncias)

são 3 centenas e mais um muito
alocados em 12 caixas
pra 12 endereços
de bairros próximos
vizinhos de parede
que se conversam durante a laje
in festa
sob trocas de latinhas
queimando em brasa
a razão já meio alta
dando chance aos olhos
simples porque são
nem sempre o que se diz: é

eu sou plano
certo feito virgem
mas nem sempre tal qual libra
um câncer aquoso de tão benigno
eterno vamos!? que nem flecha de sagitário

conversa animada regada a francos tapas
prato cheio
gozo pós refeição
fome de quero mais

um vaidoso rei flexo
aprendendo sangue frio
antes da última batalha
prestes a se notar perdido
peixe só em redoma sem limites
chamada mundo

depois dos 30 ainda somos os mesmos
a vista

é quem muda

Eduardo Dias