terça-feira, 26 de janeiro de 2016

(sobre pelo menos ser mais legal assim)


(sobre rimas pobres com dizeres ricos)

(sobre noites de um verão qualquer)


(sobre amores meio pagãos)


(sobre os crushs da vida)


(sobre tamanhos)


(sobre verão, vem verão, vem verão)

(sobre tons sudestes e beijos nordestes)


(sobre leituras superficiais)


sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

(sobre motivações)


(sobre gavetas do peito, janelas do tempo)


(sobre polêmicas vaticarnais)


(sobre metas exclusivas)


(sobre paredes com super audição)


(sobre encontros)

com luiza romão


(sobre ser ecoponto)


(sobre drummond remix)

vem paralelas
cruzadas
alinhadas
cortando o dia
libido ao peito liberto
a tudo mais que já se via
ah meu caro drummond
sem essa de pedra
cascalho
ou demais empecilhos sobre a terra
no meio do meu caminho
havia era uma perna
Eduardo Dias
(sobre taquicardias)


(sobre certos lances e romances)


(poesia em homenagem aos estudantes revolucionários)

tivesse aos pés do tempo
qualquer resíduo de caixa aberta
preso aos pilares dessa palhoça
não seria necessária truculência
não seria necessária dieta
regime
tempero quente
bala, pimenta ou cacete
contra quem na rua clama por ser discente
tivesse a favor do avanço
à mercê do bom senso
não seria decreto
não marchariam no asfalto ostentando-se concretos
não haveria soldado
não haveria choque
não haveria: me filma pra tu vê
e quanto a isso talvez o erro esteja de fato no início
na velha oração subordinada
às ordens daqueles sujeitos nem tão ocultos
que coagiram negros a caçar escravos
sob os títulos evolutivos de do mato
do piche, do pátio
que hoje se camuflam vestindo cinza
num degrade do sonho branco
que dissipou o preto do ori
origem essa do embate entre duas presas
sem direito à defesa
tivesse frase de efeito pouco impacto
não haveria grito selado em papel pardo
não haveria suspensão, haveria cancelamento
não haveria manchete de invasão quando o caso é zelo
haveria motivação e não
medo
de que aula fosse na rua
de que cordas vocais fossem mais fortes que a contradição grade de ensino
tivesse morto esse estudante
tal qual volume d'água
tal qual diz o contrato
tal qual amanhã firmado
tal qual passado reformado
mas não
brota vida nesse magro prato
tivessem livros ainda mais salito
e palavra pouco poder
não existiria história
dialeto
poesia
mentira

Eduardo Dias
(sobre política)

ou como diria daniel minchoni, os que mais mata engorda.


(sobre ser amor mesmo que acabe/mude)


(sobre exposições)


(texto sobre o quanto vale mariana)

trago na garganta
entre a raiva e a comoção
um samba
rouco
preso
a pau a pique
que agride com os olhos
qualquer medidor de suor na íris
qualquer noção de lágrima mais salgada
trago na garganta
entre a ira e a promoção
um grito
pr'além de erudito
um vibrato rasga nota
contra o apelo à face na foto daquele perfil com filtro que impõe um lado
transversal a quem até então corria junto
trago na garganta
entre o zelo e a náusea
um ruído
um sussurro
junta a lama que na retina fez morada
junto à água corrente
junto aos escombros do que já foi vida
trago na garganta
entre a fome e o fardo
um peso
trago apreço
aos novos fósseis de terracota
que não valem leis ou selfies virais
ainda que expostos os nudes
pós vazamento
trago na garganta
entre o medo e a morte
um risco
lágrima de mãe
tumor de esperança
sorte parcelada
o resultado de barro ventre com útero água
trago na garganta
entre o futuro e o postado
luto
lama
alvo

Eduardo Dias
(sobre colecionar cacos)


(sobre viagens pro mesmo porto)


(sobre os sossegos da gente)


(sobre o mundo, tempos e sal)


(sobre tatuagens)


(sobres beijos de nariz solo)

primeiro duas
depois quatro
mãos
unidas em meios olhares
inteiros
somos
fruto
do sussurro ao pé do ouvido

peito cresce
boca desce
lábios tecem
se ali, esquecem
rumo à outra metade
norte o s(o)ul
por um instante
fôrma e forma
e formação, enfim
o que tanto quis
cheiro do gosto
prazer exposto
boca sem rosto
beijo sem nariz

Eduardo Dias
(sobre saravaxés)


(sobre celulite e estria)

o que seriam celulite e estria senão
um oceano, água calma
céu com nuvens
praia, biquíni de bolinhas
aurora boreal?
o que seriam celulite e estria senão
dunas, ribanceira
linhas da mão
ladeira de paralelepípedo
estádio lotado em final de campeonato
uma casa feita de tijolo baiano?
o que seriam celulite e estria senão
um cardume de sardinhas em formação
chuva de raios
lençóis maranhenses
urso polar, avalanche, tempestade glacial
um onde está o wally (gigante) sem o wally?
o que seriam celulite e estria senão
bolo de fubá
café fresco
pão de açúcar
calda de chocolate
guloseimas que a gente like
sem ser light or diet
só fight and fuck the system fuck the system
mais
o que seriam celulite e estria senão
digital
dermatogrifo
marca única
geografia
serrado
bioma
alqueires e alqueires
aos que aceitam e querem
a partição desse latifúndio corpo?
o que seriam celulite e estria senão
martelos, pás e enxadas erguidos
numa marcha
rumo à quebra de cercas e grilhões
rumo à queda de matérias, artigos e
revistas que se reviram pra revistar dobras
que desdobram pra lucrar o dobro?
inserindo na hipo, derme e hepiderme
conceitos de planície
quando natural
é relevo
no fim das contas
celulite e estria só são celulite e estria
pra quem curte fotografia
photofria
retoques
e quer saber?
eu gosto mesmo é de vida real
Eduardo Dias
(pra ser, pra precisar ser)


(sobre copos cheios que se veem vazios)

mulher demais pra ser macho
macho demais pra ser homem
grande demais pra ser dois
três demais pra ser quatro.
fez-se inteira
mesmo achando metade
de 0 a 10
algo entre bossa nova
new wave e overdrive
é, só tinha de ser com você
senão era mais um duê
aquilo que o mundo não vê
água de bebê
botar pra fudê
drinking watê
entre quatro paredes
não mais
funk or fuck
it's physical
dance
(dance monkeys dance)
como toda bailarina
voa
com pés no chão
esconde
pra que não saibam o que é raiz
(ou não)
rabiscaria todo o corpo
só pra esconder o buraco que resta
eterno copo cheio
se achando meio vazio
sob a roupa
asas
que não se prendem às costas
sobe e desce
quela e calda
suor e veneno
palavras e retórica
reticências [...]
antes do fim dos dias
uma última oração
que falte luz
somente
onde não faltar
teus olhos

Eduardo Dias
(sobre expansões de peito)


(sobre os mershans da vida)


(sobre começos)

poesia é o que fica
quando a página acaba